Segunda, 10 Setembro 2018

Uma média de sete pessoas desaparece por dia no Distrito Federal

Quando alguém desaparece, famílias esperam horas, dias e até muitos anos por alguma notícia. Os dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) indicam que, em média, ao menos sete famílias por dia sentiram essa agonia na capital em 2017. No período, o número de pessoas desaparecidas chegou a 2.767.

A dor de não saber o que se passa atinge a família de Nivaldo Francisco Sobrinho, 52. O marceneiro não é visto desde o último dia 7 de julho, quando saiu de casa, em São Sebastião, com R$ 600 em mãos e sem dizer para onde iria.

O irmão dele, Jesuíno Francisco Sobrinho, 54, tenta manter esperança de reencontrá-lo vivo e bem, mas sente que está cada dia mais difícil. “Já o procurei em todos os cantos. A esperança diminui. Por ser uma pessoa reservada, pode ser que ele esteja em algum lugar escondido”, afirma o homem, sócio do desaparecido na marcenaria.

No dia 7 de julho, Nivaldo foi ao banco com a mulher e uma das duas filhas. Quando voltou, a esposa estranhou que havia uma retirada de R$ 600 de sua conta. O homem disse que foi ele, mas não explicou o porquê. Logo depois, ele trocou de camisa e saiu sem celular. Familiares no interior da Bahia foram avisados do sumiço, mas ninguém o viu por lá.

Desafios
Casos como este desafiam o poder público e familiares. Em especial, porque há pessoas que saem de casa após surtos, brigas ou para fugir de algum problema. Assim, nem todos querem ser encontrados. Em 2017, por exemplo duas jovens de 15 anos fugiram de casa por quatro vezes. Outros nove, entre 12 e 17 anos, por três vezes. Além disso, 61% dos desaparecidos desta idade fugiram duas vezes, a maioria meninos (68%).

Porém, 93,5% dos que desapareceram em 2017 foram localizados até março deste ano. Familiares dos demais 6,5% ainda sofrem a distância do parente.

Dez cidades onde mais foram registradas ocorrências correspondem a 72% do total. São elas Ceilândia (415 casos), seguida por Samambaia (256) e Taguatinga (224). Esta última apresentou um aumento de 15% dos desaparecimentos de 2016 para 2017. Esse foi o maior acréscimo de uma cidade. A segunda que mais apresentou aumento foi o Recanto das Emas com 14%: de 143 casos, em 2016, foi para 157 no ano posterior.

Alegria do reencontro
“Nunca desista. Se eu não fosse atrás, minha filha iria continuar desaparecida. Eu só não ia quando não tinha dinheiro”. O relato é da diarista Maria Socorro Silva, 61. Ela passou nove meses e meio sem saber se a filha Mônia Maria da Silva Carvalho, 39, estava viva.

Apesar da persistência, ela reconhece que, em um determinado momento, pensou no pior. A esperança só retornou depois que, com mais de seis meses do desaparecimento, ocorrido em 21 de agosto de 2016, Maria Socorro conseguiu informações na delegacia da cidade de que a mulher teria registrado ocorrência por ter perdido um documento. Mônia, segundo a mãe, tem bipolaridade e estava sem medicação, por isso não voltava.

“A gente imagina cada coisa. É muito difícil ficar assim. Até hoje não consigo ver matéria de gente desaparecida que eu começo a chorar”, desabafa. O JBr. acompanhou o caso na época. O reencontro ocorreu em 7 de junho de 2017.

Maria seguiu uma das pistas indicadas para ela e a encontrou em uma pousada da 504 Norte. Ao chegar à quadra, ela mostrou a foto da moça a comerciantes. “Na minha cabeça, eu ia sair daquele lugar com alguma notícia. Boa ou ruim”.

Por volta das 14h, a mãe achou a mulher dormindo em uma pousada. “Em um primeiro momento, ela agradeceu a Deus por estarmos ali, mas depois não nos reconheceu mais. Ela estava há muito tempo sem tratamento”, relembra.

As duas voltaram a morar juntas, no Gama. A mãe continua lutando para que a filha siga o tratamento e nunca mais fique longe.

O que fazer quando alguém desaparecer:
Quando a família ou os amigos perceberem que o parente não retorna para casa e está há muito tempo sem dar notícias, é importante que haja a comunicação para a Polícia Civil. Com o registro, as investigações podem começar.

Quem tiver notícias de qualquer desaparecido pode procurar a delegacia local ou o serviço 197, que é o Disque-Denúncia da PCDF.

Os parentes de Nivaldo Sobrinho estão atentos a qualquer notícia que possa dar uma pista sobre o paradeiro do homem. Os contatos são (61) 9 9266-1826, (61) 99162-7887 e (61) 99108-8718.

Fonte: Jornal de Brasília

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